Secretaria Municipal da Educação - Mogi das Cruzes/SP







terça-feira, 26 de julho de 2011

Para a Profª. Sônia Kramer, uma escolarização adequada tem a ver com uma escola que além de ter compromisso com o conhecimento, no sentido da cultura, possui um compromisso com as pessoas


Em maio de 2008 a Profª. Sônia Kramer,professora e pesquisadora da Educação (PUC-RIO e UERJ) esteve participando, como avaliadora, em uma sessão de defesa pública de
dissertação na UFSC e concedeu a Márcia Buss Simão 1 e Moema Kiehn2,  pesquisadoras do Núcleo de Estudos e Pesquisas da Educação na Pequena Infância – NUPEIN, a entrevista que se segue.
*A edição e revisão do texto final foi realizada pelo prof. João Josué da Silva Filho, pesquisador do NUPEIN e editor geral da revista Zero-a-seis .


TRECHOS DA ENTREVISTA CONCEDIDA:

PERGUNTA 3- E, em seu entender, o que constituiria uma escolarização adequada?
SÔNIA KRAMER: Uma escolarização adequada tem a ver com uma escola que além de ter compromisso com o conhecimento, no sentido da cultura, possui um compromisso com as pessoas, as pessoas crianças, jovens ou adultas. Aqui é que localizo o grande nó da questão: como desenvolver um trabalho, desde os pequenininhos (obviamente eu não falo de escola para os pequenininhos), elas são crianças e não são alunos? Ora, os adultos são profissionais e são professoras, fica então esse grande desafio: como ter professora e não ter alunos? Considero que existe uma especificidade do trabalho no âmbito da educação infantil no sentido das interações, sobretudo quanto menor for a criança. São essas especificidades que nós não deveríamos perder, também no ensino fundamental, porque afinal de contas crianças são pessoas e os adultos também são pessoas. Nesse sentido é que afirmo me parecer uma falsa polêmica, uma dicotomia que precisa ser superada.

PERGUNTA 4 - Em sua opinião qual o grande desafio para essa superação?

SÔNIA KRAMER: A uma certa altura da nossa conversa vocês enfatizaram o aspecto de que “ainda hoje” essa polêmica tem se colocado, o que significa que ela não é nova. Considero, contudo, que há um dado novo que é a inclusão das crianças de seis anos no ensino fundamental. Acho que na verdade não conseguimos enfrentar, ainda, o desafio de pensar a continuidade, ou seja, nós sempre trabalhamos com “quebras”. A nossa escola sempre impõe quebras. Nós lutamos muito para conseguir inserir a educação infantil na educação básica, mas percebo que nós já a “quebramos” em “zero a três” e “quatro a seis”. Temos ainda a quebra do ensino fundamental e educação infantil e a inclusão das crianças de seis anos. Essa nova situação teria sido, e acredito que ainda possa ser, uma ótima oportunidade para pensarmos a perspectiva da continuidade, ou seja, que processo é esse que começa não escolar, lá com os pequenininhos, mas que vai se tornando escolar na medida em que as crianças já podem ter um outro tipo de socialização? O que eu estou tentando dizer é que essa escolarização, ela é, na realidade, um processo de socialização.
Eu ontem dizia, lá na defesa, que a escola, as creches e as escolas são, do meu ponto de vista, as instituições mais estáveis que nós temos na sociedade contemporânea ou seja, ali as crianças e os adultos ficam várias horas por dia convivendo com as mesmas pessoas, por mais que tenha uma variação elas têm a possibilidade de construir ethos, constroem coletivamente uma prática social. Eu vejo nesse processo uma possibilidade de enfrentarmos o desafio da escola, da educação infantil e do ensino fundamental constituírem-se como um processo de escolarização. E me entendam bem, isso não significa que ali os bebês já estão sendo escolarizados. O que eles estão é vivendo um espaço de socialização. Esperamos que progressivamente eles possam ir para a escola e que aos cinco, seis, sete, oito anos, se integrem no tipo de trabalho que na nossa sociedade é chamado de perspectiva escolar, o que, em meu entender, não será nenhum crime contra as crianças se for exercido com qualidade, com profissionais competentes, com acesso a cultura, etc.


PARA LER A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA ACESSE O SÍTIO:
http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/view/6192/5752


CURRÍCULO  - SONIA KRAMER
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 1B
Possui graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação Jacobina (1975), mestrado em Educação feito na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1981), doutorado em Educação na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1992), pós-doutorado na New York University. É professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e coordenadora do Curso de Especialização em Educação Infantil desta mesma universidade. Tem experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: educação infantil, infância, formação de professores, políticas públicas e educação, alfabetização, leitura e escrita. Coordena o grupo de pesquisa sobre Infância, Formação e Cultura (INFOC). - Texto informado pelo autora Sonia Kramer


Endereço para acessar este Currículo Vitae da profª Sonia Kramer: http://lattes.cnpq.br/6812712541815164
Última atualização do currículo em 18/07/2011

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